No último de 20 de Novembro
celebramos o “dia nacional da consciência negra”. Esse dia é dedicado para a
reflexão da inserção do negro na sociedade, preconceitos e outras questões
relacionadas. O dia foi escolhido por coincidir com a data da morte de Zumbi de
Palmares em 1695. Esse dia não é feriado nacional diferentemente do carnaval.
Fazendo uma ligação simples, também é comemorado o dia de Mawu, que seria a
deusa suprema criadora de todas as coisas nas religiões africanas.
Irônico
quando percebemos que a sociedade e o governo (federal e estadual) se mobilizam
para a realização de uma festa e um feriado como o carnaval, mas pouco se
lembram do “dia da consciência negra”. Não vi em minha cidade nada que me
lembrasse desse feriado, nada como as grandes outdoors de carnaval, pessoas
festejando ou qualquer de baderna.
Talvez, o
que falta é a consciência negra. O Brasil é negro. Mesmo um branco de cabelo
liso, aqui no Brasil, é “negro”. Em toda a nossa sociedade temos a influência
da cultura africana, seja na comida, com a feijoada, seja nas danças, com o
samba ou nas lutas com a capoeira. A afirmação correta seria que nossa
sociedade (inclusive os negros “oficiais”) é regada de preconceito implícito.
Esse
preconceito pode ser percebido na maneira de tratamento das próprias
influências negras que temos: por que a mitologia grega ou romana é escrita em
livros literários que fazem sucesso e viram filmes, enquanto a mitologia das
religiões africanas é mal vistas e chamadas do nome pejorativo de “macumba”?
Por que dar cotas para negros? Somos todos iguais, e no mínimo 80% da população
brasileira têm descendência africana. Diga-me um apresentador negro em
atividade na TV brasileira. Qual o problema da palavra “preto”? E porque o dia
da “consciência negra” não é feriado?
O problema do Brasil e de sua população é a falsa moral. Muito se
prega, mas pouco se faz. Muito se quer, mas pouco se esforça. Não se percebe
que as leis são preconceituosas. Não se percebe que a mídia é preconceituosa. A
religião tem preconceito. O esporte tem preconceito. Algum dia eu gostaria de
ver algum filme da mitologia africana.